Depois de um tempo você percebe que chorar não muda as coisas. Percebe que permanecer trancada no quarto, encarando o teto e esperando as coisas melhorarem, não faz com que os ponteiros do relógio parem ou se movam para trás. Percebe que noites em claro não são a solução para se livrar de sonhos ou pesadelos, pois estes te perseguem mesmo quando está de olhos abertos. Depois de um tempo você percebe que cortes no pulso não tornam o dia mais bonito ou mais claro, e que giletes não servem como antibióticos-contra-dor-interna. Percebe que a indiferença dói, mas não mata. Que um coração partido, nunca volta a ser o mesmo de antes, e que uma vez quebrada, a confiança não se regenera. Um dia você entende que chega uma hora na qual lutar se converte em sua própria derrota. Uma hora em que desistir, deixar partir, fugir, é a única alternativa. Você percebe que há momentos que duram uma fração de segundos, mas podem causar danos que durarão décadas. Depois de um tempo você entende que a palavra desistir é relativa, que o verbo esquecer é involuntário, e que amor nem sempre é plural, e que quando singular, dói. Você então percebe que a mês após mês, dia após dia, hora após hora… Você percebe que o tempo não é constante. Percebe que ele muda, que ele passa depressa, e que vai eternizando momentos, arrastando lembranças, sequestrando pessoas. Você percebe que mesmo sem viver, você sobrevive… Mesmo sem querer, você segue. Então percebe que quando esse “depois de um tempo” chega, você não sabe o que fazer. Percebe que talvez, nunca saberá.
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